Hoje infelizmente é normal por causa da maldade dos tempos que as pessoas com a desculpa de fazer tudo para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31), usem as coisas de Deus para brincadeiras porque dizem que Deus deve estar inclusive nas brincadeiras delas. Isso a princípio parece algo muito piedoso, mas na verdade não é e isso espero mostrar a seguir.
A primeira coisa que precisamos entender é que é de fato verdadeiro o que Paulo afirma em 1 Coríntios 10 31. Tudo o que fizermos, deve ser feito para a glória de Deus. No entanto o que define as coisas que glorificam a Deus ou não, é Ele mesmo em sua própria Palavra, e não simplesmente algo que nós queremos fazer colocando o nome dEle no meio. Assim sendo, não é simplesmente querermos fazer algo e dizer que estamos fazendo para Deus ou colocar algo religioso em qualquer coisa que façamos para “santificar” aquele ato. Entretanto, o ponto do apóstolo é quando formos fazer uma coisa, aquilo deve ser avaliado se glorifica a Deus ou não. Deve ser feito da forma que Ele ordena e no lugar que Ele ordena. Então sempre que algo for feito deve ser perguntado, isso é ordenado? E de novo, isso é ordenado para ser feito quando? Como e onde? Então podemos nos perguntar, é ordenado o uso da Bíblia? Obviamente, sim. E de novo, podemos ter recreações? E mais uma vez, a resposta é sim. Então a pergunta que precisamos fazer é: um dos usos da Bíblia é recreativo? E a resposta para isso é NÃO.
À guisa de exemplo, posso apresentar dois usos das Escrituras. O primeiro é o Salmo 1, onde é dito que o bem-aventurado ao invés de aceitar o conselho dos ímpios, e se assentar na roda dos escarnecedores e andar no caminho dos pecadores, medita dia e noite na lei de Deus, a saber, as Escrituras. Esse é um dos usos dela, nos ensinar a vontade de Deus, ser para usar a linguagem do Salmo 119: uma lâmpada para os pés (Salmos 119.105). Outro uso dela é aquele dado por Cristo aos seus apóstolos e consequentemente aos futuros ministros em Mateus 28.19-20.: o de ir e ensinar as nações. Então esse é outro uso dela, ser usada pelas pessoas adequadas para conduzir as pessoas das trevas à luz. Paulo diz que “toda a escritura é dada pela inspiração Divina, e útil para repreensão, para correção, para educação na justiça.” (2 Timóteo 3:16). Contudo, nunca que toda a Escritura é útil para divertimento, mas para que isso talvez possa se tornar mais claro do quanto é reprovável temos um exemplo em Jeremias 23.33-38. Era comum que Deus anunciasse suas sentenças com a expressão: o peso do SENHOR , ou seja, querendo denotar a autoridade de sua Palavra. No entanto, o povo com a sua maldade começou a fazer trocadilhos com essa expressão: o peso do SENHOR. E começaram a usá-la como se fosse o fardo do SENHOR, querendo dizer: qual é o fardo que o SENHOR coloca sobre nós agora? Espero que os ouvintes judiciosos leiam os versículos citados para que possam ver o quanto o SENHOR abominou essa brincadeira. Antecipando uma objeção que possa ser feita, a saber, que essas brincadeiras não tem por objetivo zombar das Escrituras e nem trazer algum tipo de desonra a elas, mas sim somente usá-las para alguma prática divertida. No entanto, não é só aquela brincadeira que é pecado com as Escrituras, todo tipo de brincadeira com elas é pecado, pois não é o objetivo da palavra de Deus e é um uso vão dela. E nisso, a saber, ser um uso vão, me faz entrar na parte mais grave desse assunto e que talvez mostre de forma inequívoca o erro dessa prática. Falaremos de dois erros: o primeiro é o uso das Escrituras para brincadeiras e o segundo é o uso de sorteio para escolher os temas, ambas essas coisas constituem na quebra do terceiro mandamento, como espero demonstrar a seguir.
O terceiro mandamento diz que não devemos tomar o nome de Deus em vão, porque Ele não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão. Uma exposição completa sobre o terceiro mandamento seria algo que demandaria horas e, portanto, não é adequada aqui. Mas sendo o mais sucinto possível, as coisas mais importantes que precisamos entender é, quando Deus fala que o seu nome não deve ser tomado em vão, não é simplesmente o nome, como Jeová, Deus, Espírito Santo, Jesus Cristo. Mas, o nome de Deus significa tudo aquilo que Ele usou para se tornar conhecido, isso inclui os seus nomes, seus atributos, sua Palavra, suas ordenanças, suas obras. Nós podemos ver isso por exemplo comparando Êxodo 33:19 e Êxodo 34.6-7. Em Êxodo 33:19, Moisés pede a Deus para que possa ver a sua glória e Deus diz a Moisés que proclamará o nome dEle diante de Moisés, nós vemos isso acontecendo em Êxodo 34.6-7. E qual é o nome que Deus proclama ali? Simplesmente Jeová? Não, ele diz: “O SENHOR, o Senhor Deus misericordioso e gracioso, abundante em bondade e verdade que guarda a misericórdia para milhares, perdoando a iniquidade a transgressão e o pecado, e que de nenhuma forma tem por inocente o pecado”. Veja que ali não é dito somente o nome, mas também atributos, tais como misericordioso, gracioso, longânimo, bondoso etc. Outro exemplo disso nós podemos ver em Atos 9.15, onde Deus diz que Paulo era um vaso escolhido por Ele para levar o nome dEle diante dos pagãos e dos reis da terra. Mas qual foi esse nome de Deus que Paulo levou? Foi simplesmente sair gritando Deus, Jesus? Não, obviamente Paulo anunciou o nome de Deus, mas o nome a qual o Senhor se refere ali é a sua doutrina, ou seja, a sua Palavra. Tendo dito isto, espero que tenha conseguido mostrar com sucesso de que a Palavra de Deus também faz parte do seu nome, portanto não pode ser usada de qualquer forma, sob pena de quebrar o terceiro mandamento.
Para finalizar, podemos partir para a segunda parte, a saber, os sorteios. Nas Escrituras nós só temos o uso de sorteios usados algumas vezes e em todas as ocasiões que isso é feito são em eventos extremamente sérios onde não havia outros modos de ser feito, portanto se entrega diretamente a Deus a decisão do assunto por meio do sorteio. Essa última parte será importante para uma compreensão melhor do assunto, a saber, que se entrega ao SENHOR a decisão por meio do sorteio. Mas para continuarmos, o uso de sorteios só são vistos em exemplos tais como esses, quando Deus disse a Josué para dividir a terra para o povo e no Novo Testamento temos também a escolha de um novo apóstolo após o suicídio de Judas. E por que essas coisas só eram usadas em eventos tão sérios? Porque eles entendiam que é Deus que governa cada coisa que acontece como podemos ver em Mateus 10:29, e que também porque obviamente como nós já pudemos ver, eles entendiam que o nome de Deus não poderia ser usado em vão. Dessa forma, se é Deus quem decide todas as coisas e o seu nome não pode ser usado em vão, constitui em quebra do terceiro mandamento usar sorteios para coisas fúteis. Mas aí talvez possa ser dito: “quando eu uso o sorteio, eu não uso de forma religiosa, não uso em nome de Deus, portanto não uso o nome dEle em vão”, mas aí é somar um erro ao outro, porque se a pessoa usa um sorteio sem ser em nome de Deus, a quem ela está atribuindo a decisão da coisa sorteada? Ao destino? Ao acaso? Isso constitui em quebra do primeiro mandamento, que diz que não devemos ter outros deuses além de Deus. Mas se nós pensamos que outra coisa ou outro ser pode decidir uma questão além de Deus no sorteio, é exatamente isso que fazemos, pois estamos afirmando que tem outro poder além dEle que pode decidir ou não um sorteio. Por fim, um sorteio não pode ser usado a não ser de forma religiosa, e podemos provar isso com Provérbios 16:33, onde é dito que a sorte é lançada no colo, mas a decisão pertence somente ao SENHOR, ou seja, se é Deus quem decide todas as coisas, um sorteio só pode ser feito pedindo a decisão dEle. E se o nome dele não pode ser usado em vão, o sorteio só pode ser usado em questões extremamente sérias conforme os exemplos citados anteriormente.