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Por que os Presbiterianos Reformados (Covenanters) no Brasil mantêm uma posição de separação se outros corpos eclesiásticos? – Presbiteriano Confessional

Covenanters

Uma consideração imparcial e sem as paixões que costumam tomar os homens em questões controversas levaria boa parte daqueles que estão interessados na verdade entender que a posição histórica dos presbiterianos reformados (covenanters) acerca da separação de outros corpos eclesiásticos não é por orgulho, atritos pessoais ou invejas contra quaisquer pessoas ou grupos, mas para a manutenção da verdade e da sã doutrina contra aqueles visam corromper “a fé que uma vez entregue aos santos” (Judas 3) — essa fé é a doutrina completa de Cristo contida da Sagrada Escritura, pois não é licito mutilar ou arrancar nada dAquele que devemos ouvir em todas coisas que Ele ensina (Atos 3.22) — se isso for devidamente considerado não nos pode ser imputado nenhum pecado, pois a defesa do evangelho de Cristo e a preservação da verdadeira profissão da religião cristã reformada é uma ordem divina (cf .Filipenses 1.17; Hebreus 10.23).

Faz-se necessário entender que a Escritura Sagrada apresenta que a comunhão cristã é dupla: (a) a comunhão cristã geral que abarca todos aqueles que sob julgamento de caridade podemos aplicar o nome de cristãos e com base nela podemos possuir uma comunhão cristã privada (conforme tivermos oportunidade) para orar e conversar com eles sobre a religião cristã; e (b) a comunhão cristã estrita ou eclesiástica compreende somente aqueles que estamos vinculados sob uma mesma profissão pública religiosa em doutrina, culto e governo, somente com esses podemos participar das ordenanças públicas como a adoração solene, pregação da Palavra e a administração dos sacramentos.

Essa distinção foi ensinada pelo apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses 3.14–15: “Mas, se algum homem não obedecer à nossa palavra, notai tal homem, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.” (v. 14) [não é lícito a comunhão eclesiástica], “todavia, não o considere com inimigo, mas admoestai-o como um irmão.” (v. 15) [a comunhão cristã geral ainda deve ser estendida], quando aplicamos isso para os corpos eclesiásticos aprendemos que quando um grupo em sua capacidade eclesiástica desvia-se da doutrina bíblica e confessada pela verdadeira e fiel igreja, então devemos nos apartar deles para que não sejamos culpados em seus pecados (Romanos 16.17), porém isso não é uma negação que pode existir neles uma profissão cristã básica (cf. Apocalipse 18.4).

Nessa senda, devemos ter em mente o que realmente constitui a comunhão eclesiástica que possui todos privilégios e direitos, pois vivemos em um estado divido e conturbado no qual há uma efervescência avassaladora de doutrinas e de pretensos mestres, essas várias divisões e brechas que foram abertas na Igreja não é o padrão bíblico desejado pelo nosso abençoado Senhor Jesus Cristo: “eu neles, e tu em mim, para que eles possam ser perfeitos em unidade; e para que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amastes, assim como me amaste.” (João 17.23) e nem o padrão apostólico: “E a multidão dos que criam era um só coração, e uma só alma […]” (Atos 4.32), essa atual condição é fruto de um ódio pela verdade da Escritura Sagrada e pela sujeição aos seus mandamentos, posto que há somente uma verdade (Provérbios 23.23), fé (Efésios 4.5) e bom caminho (Jeremias 6.16), então entre tantas divisões é fundamental saber que há uma posição certa e infalível que se opõe ao erro — multiplicidade de opiniões não deve nos fazer perder de vista a unicidade e exclusividade da verdade.

Entretanto, há alguns que visando curar tais brechas fornecem remédios inadequados, eles pretendem definir a comunhão eclesiástica de modo a curar essa infelicidade de nosso estado corrompido, mas cometem o pecado dos falsos profetas que davam ao povo falsas esperanças e amenizavam os seus pecados: “Eles também curam a ferida da filha do meu povo superficialmente, dizendo: Paz, paz, quando não há paz.” (Jeremias 6.14), existe uma ferida entre nós no Brasil que é o sectarismo, o cisma e a abundância de falsas doutrinas, não obstante os diversos métodos de cura oferecidos para sanar esses pecados são propagados em detrimento da verdade de Deus para entronizar instituições errôneas, homens e um espírito ecumênico perverso: (i) a visão romanista ou papista entende que a comunhão eclesiástica é a aceitação implícita de tudo aquilo que é ensinado pelo Papa ou os concílios, baseada em uma fé implícita que somente afirma crer “naquilo em que a igreja crê” sem o conhecimento do conteúdo objetivo da fé, tal visão extermina a supremacia da Escritura e escraviza os homens (Isaías 8.20; Mateus 23.8,10); (ii) a visão erastiana estabelece que a imposição do magistrado civil dita aquilo que os homens devem crer, adorar e qual deve ser o governo da Igreja (cf. 2 Reis 17.27,33), isso destrói a independência espiritual da Igreja e deixa a verdade de Deus sob o bel-prazer de uma espécie de papa civil o que contraria a Escritura (Mateus 28.19–20; Efésios 4.11–12); (iii) a visão artística e cerimonial define a comunhão eclesiástica como o aderir às músicas, esculturas, vitrais, bem como todo tipo de arte com sua pompa e externalidade, esse pensamento afeta grandemente as massas ignorantes como anglicanos, ortodoxos gregos, neocalvinistas que amam passar uma intelectualidade que na verdade é vazia da piedade e do mandamento de Deus (Colossenses 2.21–23); e (iv) a visão liberal defendendo que a comunhão eclesiástica é adesão somente aos pontos fundamentais ou essenciais da religião (cf. 1 Coríntios 3.11), contudo a Escritura não deixou ao arbítrio dos homens o que eles devem crer e ensinar: “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (Atos 20:27), foi a infantilidade no aprendizado não avançando além do princípios básicos que foi repreendida nos cristãos hebreus (Hebreus 5.12–14).

Sob o prisma do fracasso da visões anteriores em curar a nossa ferida, então é mister vermos qual é visão bíblica e reformada mantida por nós presbiterianos reformados (covenanters), afirmamos que a comunhão eclesiástica procede do guardar pura e íntegra todas as ordenanças de Cristo, bem como o conhecimento e amor pela verdade, logo consiste na manutenção de uma profissão pública da religião cristã junto com a defesa e propagação dela, essa profissão pública não é parcial, mas compreende toda a sã doutrina e as leis de Cristo (cf. Mateus 28.20), sumarizando aquilo que acreditamos e aplicação disso em nossas vidas (2 Timóteo 1.13), não é escondida ou obscura, todavia declarada aberta e precisamente para todos que desejam nos conhecer (1 Timóteo 6.12), tampouco é crida somente por alguns, mas professada por todos os membros da igreja pelo qual desejam cumprir aquilo foi dito pelo apóstolo Paulo: “Para que, com uma só mente e uma só boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 15.6), essa profissão pública encontra-se em nossos documentos confessionais que são os Padrões de Westminster, os pactos Liga Solene e Aliança, Pacto Nacional e Renovação em Auchensaugh, assim como nosso testemunho judicial chamado Ato, Declaração e Testemunho, o intuito deles é apresentar o nosso mútuo e comum entendimento acerca da doutrina ensinada na Escritura e aplicação real dela — a verdadeira Reforma inclui doutrina e a prática, não temos somente doutrinas abstratas, mas também a exemplificação deles nas testemunhas fiéis (cf. Hebreus 6.12).

É de se verificar que não partimos do princípio dos falsos mestres de sepultar parte ou toda a doutrina da bíblica para que mais pessoas sejam inclusas em nosso meio, pois professamos que os homens que devem se sujeitar e moldar seus corações a Escritura (Romanos 6.17), se poucos resolvem aderir a verdade a solução não é amenizá-la ou fazê-la mais conforme a modernidade, porém continuar mantendo aquilo que alcançamos sem declinar em nada (Apocalipse 2.25), nem o nosso princípio de unidade está em emoções e homens, contudo em estarmos apegados firmemente a nossa confessionalidade que declara e confessa o que acreditamos (Hebreus 4.14) — a verdadeira unidade de fé é a unidade da verdade no qual estamos “num mesmo espírito, com uma só mente, combatendo juntamente pela fé do evangelho.” (Filipenses 1.27) — sabe-se que a igreja moderna é emocional e não consegue entender a primazia da doutrina: “Além do mais, a concordância em pontos de vista vem primeiro em ordem; e então emana dela a união de inclinação.” [1](João Calvino [1509–1564]), a inversão dessa ordem sempre acontece em prol do louvor dos homens o que não é próprio dos servos de Cristo (Gálatas 1.10).

Nesse contexto, a cura para ferida da Igreja no Brasil é a profissão religiosa em uniformidade de ensino, culto, governo e disciplina, isso exige uma união de mente para que possamos falar e confessar a mesma fé (1 Coríntios 1.10), os presbiterianos reformados (covenanters) acreditam essa profissão deve acontecer via a adoção de nossos padrões eclesiásticos que contém a única e verdadeira interpretação da Escritura Sagrada, deve-se distinguir que não defendemos uma fé implícita nesses documentos, estamos dispostos a ensiná-los e mostrarmos a sua concordância com a Escritura como a história tem demonstrado, todavia os nossos críticos e outros amigos da precipitação recusam-se a nos ouvir, assemelhando-se aos fariseus que foram repreendidos por Nicodemos com a seguinte pergunta: “Porventura, julga a nossa lei algum homem sem primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele fez?” (João 7.51).

Para além disso, afirmamos que qualquer grupo que mantém um corpo distinto para crer e praticar quaisquer doutrinas contrárias ao genuíno sentido das Escrituras não tem direito a existência, isso significa que eles não deveriam existir nem serem apoiados pelos fiéis, o Senhor Jesus Cristo afirma que não podemos tolerar pessoas com doutrinas errôneas: “Porém, eu tenho umas coisas contra ti, porque toleras aquela mulher Jezabel […]” (Apocalipse 2.20), essa repreensão de Cristo não seria verdadeira se os homens pudessem acreditar no que quiserem acerca da sua Palavra e, portanto, quando mantemos comunhão eclesiástica participando, apoiando e promovendo tais pessoas estamos abrindo ainda mais a divisão, o desprezo pela verdade de Deus e favorecendo aquilo que nunca deveria existir na Igreja, então a comunhão com tais grupos é pecaminosa: “Portanto, saí do meio deles, e separai-vos, diz o Senhor. E não toqueis em coisa imunda, e eu vos receberei” (2 Coríntios 6.17), essa separação para a verdade em ensino, adoração, governo e disciplina conforme apresentada na Escritura Sagrada é a verdadeira união cristã: “sendo de um acordo, de uma mente.” (Filipenses 2.2), não se apartar dos corpos eclesiásticos desertores é impedir o avanço da Reforma e da verdadeira cura, enquanto pensarmos que devemos nos unir ou participarmos da corrupções eclesiásticas (ainda que sejam “discretas”) ao nosso redor estamos fazendo aquilo Deus proibiu Judá de fazer: “Embora, tu, ó Israel, te prostituas, contudo não se faça culpado Judá; não venhais a Gilgal, e não subais a Bete-áven, e não jurei, dizendo: O SENHOR vive.” (Oséias 4.15), observem o que afirma o judicioso George Hutcheson (1615–1674):

“Assim como não é uma regra justificável seguir o exemplo de qualquer pessoa em assuntos de adoração a Deus, onde não temos uma garantia da Palavra, também os homens tinham necessidade de se proteger contra o contágio por meio de tais exemplos, especialmente quando o contágio está próximo, quando o exemplo é dado por irmãos e eles florescendo em seu mau caminho, e quando seu caminho se aproxima mais da verdadeira adoração; pois assim foi o caso de Judá em referência aos bezerros de Israel e, portanto, eles são avisados ​​para se protegerem contra isso; Embora, tu, Israel, te prostituas, contudo não se faça culpado Judá.” [2]

O perigo ao nosso redor é grande e sutil, muitos se “aproximam mais da verdadeira adoração”, outros elogiam aquilo que nós cremos (cf. Romanos 16.18), entretanto nenhum deles está disposto a aderir aquilo que já chegamos, andando segundo a mesma regra e sentindo as mesmas coisas (Filipenses 3.16), a nossa visão de comunhão necessariamente nos obriga a mantermos um estado de separação em prol de mantermos o precioso depósito da doutrina divina (Provérbios 4.5–6), nem iremos atender as ministrações públicas (pregações, sacramentos e etc) daqueles que falham em guardar com fidelidade a verdadeira profissão pública da religião cristã contida em nossos Símbolos de Fé (cf. 1 Timóteo 6.20) — o leitor imparcial julgue se nossa posição é por richa pessoal ou para guardar aquilo que temos recebido de Deus na Escritura (Apocalipse 3.3), também é oportuno lembrar que aqueles que estão tentando curar a ferida com as falsidades listadas anteriormente não durarão muito: “Dize àqueles que fazem reboco com argamassa de logo que ele cairá. Haverá uma chuva transbordante, e vós, ó pedras grandes de granizo, caireis, e um vento tempestuoso a fenderá.” (Ezequiel 13.11).


Notas:

[1]: CALVINO, João. Commentaries on the Epistles of Paul the Apostle to the Philippians, Colossians, and Thessalonians (Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2010), 46.

[2]: HUTCHESON, George. A brief exposition on the XII. smal prophets: the first volume containing an exposition on the prophecies of Hosea, Joel, & Amos. London: Printed [by T.R. and E.M.] for Ralph Smith, at the Bible in Corne-hill, 1655 [i.e. 1654], p. 77–78.

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