“Acaso é tempo para vós habitardes nas vossas casas forradas, e esta casa fica deserta?.” (Ageu 1.4)

O mundo é um grande inimigo da religião. É um agente do diabo para reunir seus filhos. Tem garras fortes e segura muitas pessoas com muito força; ele nunca os solta de sua mão até que os lança no abismo. Vocês podem sentir o grande obstáculo que isso representa como é visto em Mateus 22.4,5. Quando o rei enviou seus servos para chamar os convidados para o casamento, eles fizeram pouco caso e alguns foram para sua fazenda e outros para suas mercadorias. E, com propriedade, podemos acreditar que nunca houve uma igreja visível mais mundana do que a igreja da Escócia; e considero que é estranho que a Escócia, que tem pouco do mundo e é a mais pobre, quanto às riquezas mundanas, de todas as nações, ainda assim seja a gananciosa e mais entusiasmada com o mundo do qualquer outra nação. Mas vou lhe dizer que aqueles que têm tanto amor por isso pouco se importam com a casa de Deus. E esta é a mensagem do Senhor aos professantes da Escócia: É hora de vocês morarem em suas casas cobertas, quando minha casa está devastada?

[No contexto do texto], os judeus retornaram, voltaram de seu cativeiro e começaram a construir a casa do Senhor, mas foram impedidos por seus governantes e conselheiros perversos; como você pode ver no quarto capítulo de Esdras; onde incitaram Artaxerxes para impedir a construção; pois foi interrompida todos os dias de Artaxerxes até o segundo ano de Dario. E durante todo o tempo em que esta casa ficou devastada, eles estavam ocupados construindo suas próprias casas. Então o Senhor lhes envia seu profeta e os repreende assim: Será que é hora de vocês habitarem em suas casas cobertas e minha casa ficar devastada?

Já tive ocasião de está nesse texto antes; e estabeleci duas doutrinas e as proclamei, as quais não mencionarei agora. E uma terceira doutrina é esta:

DOUTRINA 3: Que as pessoas carnais e mornas se preocupam muito mais com coisas do mundo do que com a obra de Deus.

Isto fica claro no texto e em  Filipenses 2.21 é dito: “Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Jesus Cristo”. Ele está falando aqui da geração que professou piedade; e olhe aquele texto citado anteriormente em Mateus 22.5. Eles desprezaram a oferta do evangelho e foram para as suas fazendas e mercadorias, eles se preocupavam muito com o mundo. Ó! Houve muitos na Escócia, e muitos nesta região, que menosprezaram o evangelho e se dedicaram aos seus ofícios e ao seu trabalho; e são impedidos, pelo mundo, de vir a Cristo; assim pecamos excessivamente contra Deus, mas qual pode ser a razão pela qual pessoas carnais e mornas se importam pouco com a casa de Deus? Daremos algumas razões pelas quais isso acontece:

1. Esta é a causa: A cegueira dos professantes mornos; pois a cegueira deles é tão grande que eles não veem Cristo em sua excelência e virtudes, que se vissem, seriam levados a gritar: O que mais tenho que fazer com os ídolos? Eles não fariam mais do mundo o seu ídolo; ou melhor, seu deus. Mas a falta disso é a razão pela qual os professantes mornos pouco se importam com a casa de Deus.
2. A segunda causa pela qual os professantes mornos se importam pouco com a casa de Deus é o fato de não aceitarem a Cristo como rei em seus corações: pois, onde Ele é aceito como rei, Ele deve reger e governar: nenhum homem pode servir a dois mestres. Eu desafio aquele homem que não toma Cristo como rei a governar em seu coração, sobre sua vontade, sua mente e suas afeições, para que ele sempre se importe muito com a casa de Deus: Pois, suas afeições seguem e estão sobre outras coisas.
3. A terceira razão pela qual os professantes carnais e mornos se importam pouco com a casa de Deus é a sua cegueira para com a sua causa. Eles não vêem a nobreza da causa de Cristo; e é por isso que eles preferem o mundo no lugar dele; eles não consideram sua glória declarativa como sua preocupação, causa e luta, e preferem o mundo no lugar dele. Mas, ó! Se vocês vissem quão nobre é a causa e a luta que é a sua causa, e que casa é a sua casa, não estariam sendo carnais, a ponto de construir vossas próprias casas e de desejar grandes coisas para vós mesmos, enquanto a casa do Senhor jaz devastada.
4. A quarta causa pela qual os professantes carnais e mornos, preferem suas próprias coisas em detrimento da causa de Cristo, é sua cegueira em não verem a vaidade e o vazio das coisas do tempo. Embora não haja nada mais certo do que isto, que não levaremos nada para a sepultura; nus viemos ao mundo e assim voltaremos. Ó! Que coisa nua é este mundo! Pode-se dizer dele como Jó fez com seus amigos em Jó 26.2: Miseráveis consoladores sois todos vós. E como diz Salomão em Eclesiastes 1.2 Vaidade de vaidade, tudo é vaidade. As pessoas não veem o vazio das coisas do tempo e preferem essas coisas no lugar das coisas de Cristo. Ó! Se você pudesse vencer para ver que o Senhor pode fazer com que um ano ruim separem vocês e as coisas do mundo; e Ele pode fazer inimigos para separar você se as coisas do mundo, pelas quais vocês tem uma estima tão elevada.
5. A quinta razão pela qual os professos carnais e mornos consideram o mundo acima das coisas de Deus é a sua ignorância brutal; eles não se importam com a eternidade. O homem que se preocupa muito com sua própria casa e com o mundo, ele não se preocupa com a eternidade. E eu pensaria que é uma coisa boa ver os corações dos homens entregues às coisas do mundo, se eles fossem viver juntos para sempre.  Mas aqueles que têm felicidade nesta vida, posso dizer, que são de todos os homens os mais miseráveis. Ó! Considerais essas coisas, quando preferirem o mundo em detrimento da obra de Deus? Lembre-se do que disse o rico glutão, quando estava nadando em seus prazeres terrenos e delícias carnais: Ele ordenou que sua alma tomasse cuidado, pois ele tinha o suficiente guardado para muitos anos; mas ele não sabia que a sentença estava escrita no céu: Esta noite a tua alma será exigida de ti. E então de quem serão todas essas coisas, nas quais você teve tanto prazer? E então ele decidiu deixar seus celeiros cheios e edifícios corajosos. Assim, a causa de estima por grande parte pelo mundo, e tão pela obra da obra de Deus, por muitos professantes carnais e mornos, é sua ignorância e tolices brutais em descansar tão satisfeito com as coisas deste mundo. Ó tolos! O que são, na melhor das hipóteses, senão vaidades transitórias e ridículas?

Nesse sentido, há algum tipo de gente que eu reprovaria com base nesta doutrina:

1. Devem ser reprovados aqueles cujos pensamentos estão todos preocupados e ocupados com suas próprias coisas particulares no mundo, mais do que com a obra de Deus. Temo que haja alguns aqui, que seus principais cuidados e pensamentos sejam mais como que o seu gado seja preservado, os seus equipamentos funcionando e sendo mantidos neste tempo, do que como fazer com que a casa de Deus seja construída novamente. 
2. Devem ser reprovados aqueles que afirmam que são úteis para a obra de Deus, mas quando o perigo está no caminho fogem. E quantos existem deste tipo na Escócia, que dentro destes oito anos, teriam sido muito úteis, para a obra e o povo de Deus, que agora a deixaram de lado, por causa do perigo que está no caminho? 
3. Devem ser reprovados por esta doutrina os que obedecem aos inimigos de Deus, para que possam desfrutar das coisas do mundo; o que fez com que muitos obedecessem e recorressem aos tribunais inimigos, senão para manter o mundo guardado? Não é esta a razão que muitos professores mornos têm dado para a sua obediência? Não conseguirei manter a casa, digam-me, se ficar de fora, e não ir aos tribunais, etc. Oh ! Infelizmente! É uma história falsa ruim, portanto tememos que quando o Senhor retornar à Escócia novamente, Ele terá poucos donos de casa ou proprietários de terras para onde vir.
4. Devem ser reprovados aqueles que estão mais preocupados com suas próprias perdas privadas do que com todas as perdas da obra e do povo de Deus. Aqueles que tiveram corações mais fortes pela sua morte e pela morte das ovelhas, do que pelo sangue de seus preciosos servos, que foi derramado em tanta abundância pelos ateus! Lembre-se de que você terá perda no final, quando seu povo se alegrar.
5. Devem ser reprovados aqueles que se alegram mais em um ano bom, quando o mundo prospera bem com eles, do que eles se alegram para que a obra de Deus prospere e floresça. Sim, suponha que houvesse uma tolerância concedida para todos os homens irem para seus empregos, mercados e negócios novamente, eles pensariam que estava tudo bem, se tivessem a facilidade e liberdade, embora desejassem o precioso evangelho. Mas lembre-se, ó ateu carnal! Que você é digno de ser reprovado; pois Deus fará uma separação repentina e certa entre você e o mundo, na qual você tanto se deleita.
6. Devem ser reprovados aqueles que conseguem superar as dificuldades para obter ganhos para si mesmos; mas não se aventuram a superar dificuldades para fazer uma boa ação na obra de Deus, aventuram-se em todas as dificuldades para construir suas próprias casas; mas eles não se arriscam a construir a casa de Deus. Muitos se arriscarão muito em busca de vantagens no mundo, mas não se arriscarão em benefício da igreja de Deus. Muitos se arriscarão a ir aos mercados e feiras passando por dificuldades e perigos, em busca de vantagens mundanas; mas não se arriscarão a ir a uma pregação por medo do perigo. Muitos se arriscarão a transportar mercadorias proibidas para seu ganho; mas não se arriscará carregar livros proibidos. Mas lembre-se de quão triste será o seu destino um dia, quando o Senhor ordenar que você vá até os deuses a quem você serviu e deixar que eles o livrem.

DOUTRINA 4: Uma quarta doutrina é esta: Que Deus reduzirá sua prática [os seus ganhos], nas suas próprias coisas, para desaprovar a sua negligência na construção de sua igreja. Vós esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco; e quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por quê? Disse o SENHOR do Exércitos. Por causa da minha, que está deserta, e cada homem corre à sua própria casa [Ageu 1.9]. Jeremias 2.11: Será que alguma nação mudou os seus deuses por outros que não são deuses? E assim, para desaprovar a sua negligência, Ele tomará o exemplo das nações pagãs na sua fidelidade aos seus falsos deuses. Como você vê em Malaquias 3.8: Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais. Como se ele dissesse: Será que os pagãos roubarão ou tirarão qualquer coisa de seus deuses-ídolos, embora eles não sejam deuses verdadeiros, não; eles não o farão. Portanto, ele trará seu cuidado, diligência e fidelidade, para refutar a negligência de seu povo professo. Os inimigos também são diligentes nos campos que administram; e portanto ele trará inimigos para refutar a negligência do seu próprio povo. Os inimigos são diligentes em considerar e usar todo o seu poder para promover um curso de maldade; então o Senhor aproveitará isso para refutar a negligência de seu povo. E há dois tipos que ele refutará dessa maneira:

1. Aqueles que são diligentes em suas próprias coisas, Deus refuta sua negligência em seu trabalho, pois esses que são cuidadosos em seu próprio trabalho e não perdem tempo para isso. Mas não conseguem tempo para orar ao Senhor por temerem que isso prejudique o seu próprio trabalho.
2. Aqueles que se arriscam nas dificuldades para obter ganhos e vantagens para si mesmos, mas não superam as dificuldades quando estão em seu dever, como já disse antes. Portanto, ó, lembre-se, que o Senhor não terá outra coisa para testemunhar contra você, além de sua própria prática, para refutar sua negligência e condená-la. É hora de vocês, ó, habitarem em suas casas cobertas, e esta casa ficar devastada?

DOUTRINA 5: Uma quinta doutrina que declararei é esta: Que Deus tem um testemunho na consciência de cada homem que falará por Ele. Ele apela para eles: Oh! É hora de vocês habitarem em suas casas forradas? Todos os apelos nas Escrituras provam isso, assim como em Jeremias 5.7: Como devo perdoar-te por isso? Colocando a questão para eles mesmos responderem; Como posso te perdoar por isso?e etc. Sim, Deus tem uma testemunha na vida de cada homem, que testemunhará por Ele; Eu não digo, mas em tempos de ignorância você pode não ter testemunha que fala; e quando, por meio de pecados secretos e habituais, vocês puderem silenciar a consciência, para que ela deixe de ser um reprovador, ainda assim Deus tem uma testemunha, e esta testemunha falará por Ele um dia.

Agora, existem três tipos aos quais eu aplicaria esta doutrina:

1. Eu aplico isso àqueles que quando compelidos foram aos seus párocos e aos seus tribunais, quando questionados por isso, procuram argumentos para defendê-los e para enganar as suas próprias consciências; e não têm medo de ir à santa palavra do Senhor, para procurar cobrir os seus pecados; mas eu vos digo, vós que sois culpados, considerai o que estais fazendo; pois Deus um dia colocará a questão a vocês mesmos, e sua consciência falará por Ele.
2. Eu aplicaria isso às pessoas que estão prontas para receber avisos e conselhos dos homens; que dizem: Tal homem, e tal homem, ele me aconselhou; e tal ministro seguiu esse caminho, e pode haver algum mal nisso? Lembre-se de que você é reprovado por isso, de que dá mais importância ao conselho e ao exemplo dos homens do que ao testemunho da consciência. 
3. Eu aplicaria isso a estes que, por seus pecados habituais, fazem muito para silenciar a consciência, se puderem. Lembro-me de uma história de dois assassinos, um cometeu um pequeno ato de assassinato e o outro seguiu o costume dessa prática; aquele que cometeu apenas um ato não conseguiu acalmar sua consciência; mas o outro o aconselhou a seguir esse caminho, pois a princípio foi assim com ele, mas ele continou e assim obteve paz suficiente. Então as pessoas desta forma silenciam a consciência. E da minha parte, digo brevemente que, embora as pessoas pensem pouco em ir às igrejas, para ouvir esses párocos profanos; e ir aos tribunais inimigos; e de pagar taxa e impostos a esses soldados sangrentos, para mantê-los e para destruir a obra do Senhor e matar seu povo; por causa de seus pecados habituais, sua consciência fica muito aquietada. Muitos tiveram relutância no início em ir e ingressar nesses cursos, porém agora têm muita paz; e fingirão e argumentarão com clareza nisso e, por meio de argumentos, defenderão o que fazem. Ó caso grave! Eles ficaram com a consciência cauterizada, como se fosse um ferro quente. Mas, ó, lembre-se, que esta testemunha, que você silenciou desta forma, um dia apresentará diante do seu rosto: Este verme da consciência que nunca morre será o seu algoz.
4. Eu aplicaria isso àqueles que continuam no pecado e ainda assim têm um testemunho em si mesmos contra isso. Vão às igrejas e ouvem os párocos, com convicção de que é pecado, por que é então que vocês vão?! Para salvar suas posses. Lembre-se de que a pergunta será feita a você; responda portanto; deixe a consciência falar, seja pecado ou dever, para ir à igreja e comunicar-se com esses homens em sua rebelião contra Deus; e ir aos seus tribunais e pagar taxa e impostos para manter os inimigos do Senhor, para arruinar sua obra e seu povo. Ó, deixe a consciência falar! Se o seu curso não for correto, por que prosseguir nele e fugir da voz da consciência agora? Mas lembre-se, que isso irá apresentar-se diante de você um dia. O verme roedor da consciência dos condenados, que os atormentará para sempre. Ó! todos vocês se lembrarão disso, vocês que fogem da voz da consciência? Mas não direi mais nada.

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